são tomé

 

Em tempos muito antigos a lagoa de Mira foi uma cidade chamada Miragaia.

Aquando da sua submersão e assistindo nela o Glorioso Apóstolo de S. Tomé, Cristo Nosso Senhor falou-lhe dizendo que saísse da dita cidade e se pusesse à vista dela, onde permaneceria até ao fim do mundo fazendo milagres e obrando prodígios.

Há tradição que esta sagrada imagem aparecera então debaixo de um tronco de amieira e de outras árvores silvestres nuns bosques junto aos ribeiros a alguma distância da Lagoa de Mira.

Como naquele local onde aparecera o Santo não se podia construir a Igreja, visto as águas daqueles ribeiros o impedirem, foi erguida noutro local distante do sítio onde aparecera a sagrada imagem. Indo os fiéis e o sacerdote daquele tempo para dizer missa não encontraram o Santo na Igreja. Surpreendidos com o facto puseram-se à procura do Santo, dizendo: “Ó S. Tomé onde estás tu?” - encontraram-no então num campo de favas junto aos ribeiros onde anteriormente aparecera, respondendo: “Estou no meio das favas a encher o ...”

Como esta fuga se repetia constantemente o povo quando o ia procurar dizia: “Ó S. Tomé onde estais vós?” - e antes do santo lhes responder logo continuavam dizendo: “No meio do faval o encontraremos nós”.

Apercebendo-se o povo que o Santo só naquele sítio onde tinha aparecido queria permanecer, fizeram-lhe uma Igreja tal e qual o sítio permitia.

caretos

Os caretos são foliões do sexo masculino que se fantasiam com roupas femininas coloridas e usam uma máscara de cartão, ornamentada de chifres e serpentinas, dependuram ao pescoço chocalhas e guizos. Aparecem em grupo, “atacando” as pessoas, especialmente raparigas solteiras, assustando-as.

É por altura do Entrudo que fazem a sua aparição. Antigamente, a saída dos Caretos realizava-se como uma espécie de ritual pagão, que traduzia a passagem dos rapazes à idade adulta. Por esse motivo só é permitido o uso das ‘campinas’ a homens, uma alusão à virilidade, mas que baralha as pessoas já que recorrem também ao uso da saia vermelha, um misto entre o humano e o diabólico, o religioso e o profano.

casa gandaresa

Casa tradicional rural característica da região, com notórias influências características das áreas mediterrânicas, terá sido importada para a Gândara, sofrendo ao longo do tempo, constantes adaptações às condições socioeconómicas aqui vividas no séc. XVIII e XIX.

É uma casa térrea de formato em “L”, com pátio fechado, telhado de duas águas e construída de adobes de areia e cal, secos ao sol. A frente da casa é sistematicamente formada por janela – porta – janela e um largo portão de duas folhas, que permitia a passagem, para dentro e para fora, dos carros de bois e respetivas carradas de produtos agrícolas. Por baixo do beiral, uma esmerada cimalha horizontal ornamentava a fachada da habitação.

Os vãos das portas, das janelas e do portão eram geralmente reforçados e ornamentados com pedra de cantaria, originária de Ançã. De referir ainda a existência, no exterior da fachada, de respiradores abaixo dos soalhos, na parte inferior da casa, bem como, na parte superior do lado da casa da arrumação, a existência dos “óculos” do sótão, para iluminação e arejamento do mesmo.

 

artesanato

O artesanato resulta do trabalho manual de artesãos, criado através de interação contínua, ao longo dos tempos.

Entre o artesanato mais antigo e característico desta zona destacamos os Abanicos de Penas, trabalhos em Madeira (Carros de Bois, Pipas), miniaturas de poços de engenho, as cabanas da palha, Esteiras, Latoaria, Cestaria de Vime.

 Na Freguesia de Mira destacam-se Carlos Lourenço, escultor com trabalhos em pedra, Christophe Faneca, que executa os mais diversos trabalhos em madeira e Nuno Pedreiro com inúmeras provas dadas ao nível da pintura.